quinta-feira, 20 de abril de 2017

Patrick Depailler





É difícil tentar entender a alma de um piloto.

De vez em quando me deparo com uma figura que não me deixa concluir
o texto.

O francês Patrick Depailler é um desses.

Por que?

Sua história é acidentada.

Cheia de exageros.

Despretensioso na forma de viver.

Mas sonhava em ser campeão mundial.

Não podia dar certo.

A época era errada.

Esse tipo de postura não cabia mais na Fórmula 1.

O talento estava lá.

As vitórias nas categorias de acesso evidenciam isso.

Em 1978 (já na Fórmula 1) arrancou uma vitória no principado de Mônaco.

Comemorou durante ininterruptas 48 horas!

Festas em cima de festas.

Alguns que viram de perto resumem Depailler nas pistas.

Apagava o cigarro.

Colocava o capacete.

Pilotava de modo ensandecido.

Voltava para o Box.

Tirava o capacete.

E acendia outro cigarro.

Isso sem falar nos acidentes.

A queda de asa delta foi simbólica.

Isso mesmo asa delta!

Ele se quebrou todo.

A primeira cirurgia durou 5 horas.

E decretou o fim de sua participação na promissora temporada de 1979.

Temporada em que Niki Lauda o apontava como favorito pela Ligier.

Em 1980 ele retornaria pela Alfa Romeo.

Apenas para morrer num teste na Alemanha.

Um desperdício por tudo que poderia ter sido.

Por que viver assim?

Viu como é difícil escrever sobre um personagem desses?

Uma coisa ficou clara.

A razão só faz sentido na cabeça do homem.

Então como decifrar a mente de Depailler?

Ken Tyrrell nos deu uma pista ao falar dele.

Sobre suas atitudes.

"Ele era apenas um menino.

Um menino imprevisível!"


15 comentários:

zamborlini disse...

acho q hoje não tem nenhum piloto parecido com ele.
estão todos robóticos.
previsíveis.
chatos.

politicamente_incorreto disse...

O Depailler era o famoso "pipa voada", eles existiam aos potes até a década de 80 aonde pilotar um automovel de competição já não deixava de ser coisa de maluco, mesmo para os "certinhos".

O que fode o meu juízo não é o fim de pilotos como Depailler, é o fato que eles estão cada vez mais raros e em extinção. Em todas as atividades humanas quer seja no esporte ou não.

Alguns poderiam me lembrar do Adriano e do Jobson que poderiam reencarnar esse "personagem" maldito.

Nada a ver..... esses são marginais, drogados, bebâdos e quase criminosos.
O que acabou foi o famoso "cafajeste" categoria que o Depailler encarnava, vieram ao mundo a passeio e viviam cada dia como se fosse o último. Mas eram boas praça, gente do bem e de bem com a vida - ou a sua forma de ver a vida - e gastando as suas da forma que achavam melhor, ou não... tenho quase certeza que não achavam nada..... tudo porra louca... sinto falta dessa tribo...

O "esporte" automotor hoje é um negócio muito sério para se dar um bólido para um Amon pilotar, é muito caro para um nobre boiola montar uma equipe para o seu garotão chegar na F-1 - e ser campeão!!!- e no fundo é muito chato para qualquer desses personagens - cada vez mais raros - se interessarem por uma merda comandada por um anão de jardim , andadando em pistas desenhadas por um nerd idiota que não deve nem gostar de automobilismo e dominada por uma empresa que enlata mijo com açúcar... é demais para quem sempre bebeu bourbon "cowboy" no gargalo.... de bom só restamos nós, os dinossauros que juram que a categoria ainda não acabou e teimamos em assistir essas bonequinhas anoréxicas guiando seus belos bólidos automatizados acreditando que assistimos corridas.... assistimos negócios e negociatas e vibramos como idiotas.....

Rubem Rodriguez Gonzalez

fernando disse...

boa lembrança corradi.

esse era um que eu torcia por ver liderando corridas, até porque tal seria o modo de poder ver o cara por minutos seguidos na televisão nos anos 70 (transmissões q ficavam tediosos minutos no líder que muitas vezes eram eficientes mas não flamejantes), e pilotos como ele, como peterson e como carlos pace tinham estilos de pilotagem flamejante ('flamboyant' em vocabulário estrangeiro antigo) e delicioso de se ver, mesmo que fosse pela televisão.
uma que ficou na minha memória foi o gp d'áfricadosul de 78, voltas finais um duelo sensacional entre o francês e o sueco, em dois carros rápidos, de aparência 'esguia', ajustados aos talentos brilhantes dos dois pilotos, se houver isso no youtube recomendo a quem se interessar em ver - depailler liderava mas não conseguiu resistir aos ataques de peterson que roubou-lhe a vitória a duas voltas do final.

deu show também em monaco aquele mesmo ano, há um rapido registro dele descendo a mirabeau em contrasterço com a dianteira esquerda servindo de pêndulo sobre a zebra - essa descrição não faz justiça â maravilha da cena de não mais que dois segundos que aparece no filme da temporada de 78 da brunswick films (entitulado "car wars", trocadilho com 'star wars').

ótimo saber da história da 48- hour-long party após aquela vitória, james hunt deve ter participado.

fernando disse...

errata: onde se lê
'descendo a mirabeau em contrasterço com a dianteira esquerda'
leia-se 'dianteira direita'.

abs
fernando

Vinicius Netto disse...

É meus amigos.......o mundo da Formula 1 é tão complicado como a teoria da literatura.....Dificil de entender certos pilotos....

Carlos Gil disse...

Como eu o entendo Ruben!
A F1 actual não passa de um desfile publicitário, encenado ao promenor, e onde o piloto (um ser perfeitamente moldado para o fim em causa: servir de coadjuvante no show) existe apenas por vontade dos markteers, pois por vontade dos engenheiros já os teriam substituído por mais uns processadores.
Esta F1 já não tem lugar para o imprevisto ou para a incerteza, e todo o "improviso" é antecipadamente estudado, ensaiado e analisado até à exaustão.
Eu (e alguns outros) não gosto, mas talvez esteja errado pois o negócio rende como nunca, os milhões entram aos milhões, e assim o Bernie gosta, a FIA gosta, os patrocionadores gostam, as equipas gostam, o público... bem o público está naquela onda do "I love the way you lie".

Saudações.
CG

zamborlini disse...

é pena não ter nos 'comentários' a possibilidade de 'curtir' um texto. o do rubem, mais acima, é um desses.
tá ficando bom o blog. rsrs

Anônimo disse...

Concordo com o zamborlini:

Quebra essa, Corradi!

Zé Maria

politicamente_incorreto disse...

Obrigado pessoal, as vezes - quase sempre - escrevo um monte de asneiras, mas quando o assunto são os pilotos e a F-1 da década de 70 o negócio mexe comigo por dentro. Não dá para ficar alheio ao ver uma Ligier "bule de chá", uma P-34, uma BT 44, uma M-23 ou uma Lotus 72 só para falar de alguns.
Os carros tinham alma, tinham personalidade, correram três quatro, até sete temporadas!!! hoje as equipes lançam um carro no inicio do ano e outro no meio da temporada.
Os corredores eram um capitulo à parte, tinham os "certinhos", os certinhos avoados, e os porra louca. pareciam uma grande familia com as suas multifacetas. Não existia essa praga de "direito de imagem" e o mundo seguia mais tranquilo e calmo, dava a impressão que um dia tinha 40 horas.

Hoje estamos vivendo cada vez mais e pior. tudo é obrigado a passar pela maquina calculadora e tem que dar lucro, não existe o compromisso com o belo e o bem feito, o compromisso hoje é apenas com o lucro. Sudades de um tempo aonde o dinheiro era apenas muito importante para a nossa vida mas não era o único objetivo dela.

Rubem Rodriguez Gonzalez

Tuta Santos disse...

Seus textos estão cada vez melhores.
Arrisco dizer que fazem jus às fotos. Gosto da sua redação, rápida e rasteira, como deve ser um bom carro de corrida.

Ren Oliveria disse...

Hoje ñ se vê mais paixão na F1! Muita tecnologia para nenhuma estrela! F1 R.I.P

Anônimo disse...

Sim, passou a época "romantica" da F1.
E ela só sobreviveu às custas de muita grana e essa grana precisa retorno.. e esse retorno só vem com resultados... e os resultados vêm com pilotos-robô (como Cristian Horner conceituou Vettel).

Creio que o tipo "porra-louca" começou a terminar na época do Senna. Onde ele influenciou o comportamento de muitos jovens pilotos. Senna foi um dos primeiros a ter aquilo que anos mais tarde foi chamado de "personal trainner" (lembram do Nuno Cobra?). Senna era ídolo nacional, nao fumava, nao bebia, se preocupava com a imagem... Até para brigar com o schumacher ele era contido...

Mas poxa... fora das pistas os pilotos podiam se aproximar mais de um ser humano, podiam ter mais personalidade nas entrevistas... fumar... andar com garotas... (como se isso fosse algo anormal) ao estilo James Hunt.

O último alento foi o "no, no, no" do Max Verstappen (respondendo à ordem da Equipe de deixar o companheiro passar)

Cleiton

Daylson Elder disse...

O Depailler corria como se fosse a última corrida.

Tuta disse...

Eu vi!

Jefferson disse...

Corroboro com vocês Ze Maria e Zamborlini!